80% dos serviços de universidade em Minas são afetados por paralisação de servidores

A greve dos técnico-administrativos da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) teve um impacto significativo no funcionamento da instituição nesta terça-feira (11/3). Com a adesão de cerca de 60% dos servidores, a paralisação comprometeu aproximadamente 80% dos serviços administrativos e acadêmicos, além de afetar diretamente o atendimento no Hospital de Clínicas da UFU.

O movimento faz parte de uma mobilização nacional liderada por sindicatos que representam os técnico-administrativos das universidades federais. Os grevistas reivindicam o cumprimento do Acordo 11/2024, assinado entre a categoria e o Governo Federal. Esse acordo estabelece reajustes salariais divididos em duas parcelas, além da reestruturação do Plano de Carreira dos Cargos Técnico-Administrativos em Educação (PCCTAE) e da revisão das funções dos servidores. Também estão na pauta melhorias gerais nas condições de trabalho e investimentos na infraestrutura das instituições de ensino superior.

A greve já vinha sendo articulada há algumas semanas, com assembleias e reuniões organizadas pelo Sindicato dos Trabalhadores Técnico-Administrativos em Instituições Federais de Ensino Superior de Uberlândia (Sintet-UFU). A decisão de aderir ao movimento nacional foi tomada em resposta ao descumprimento dos compromissos assumidos pelo governo no ano passado. Segundo representantes do Sintet-UFU, o reajuste salarial é essencial para repor as perdas inflacionárias dos últimos anos e garantir a valorização dos servidores da educação.

Impacto na universidade e no hospital

Na UFU, a paralisação afetou diretamente diversos setores administrativos, resultando no fechamento da biblioteca e na suspensão parcial ou total de vários serviços essenciais para o funcionamento da universidade. Estudantes que dependem do suporte técnico para atividades acadêmicas e administrativas enfrentaram dificuldades devido à ausência de servidores nos postos de atendimento.

No Hospital de Clínicas da UFU, unidade referência em saúde para a região, os serviços de urgência e emergência continuam funcionando normalmente, garantindo assistência para os casos mais graves. No entanto, procedimentos eletivos, como cirurgias programadas e consultas especializadas, sofreram impactos significativos. Algumas cirurgias tiveram que ser reagendadas, causando transtornos para pacientes que aguardavam atendimento há meses. Além disso, a redução no número de servidores dificultou o fluxo de trabalho em diversos setores do hospital, como exames laboratoriais e atendimento ambulatorial.

Reivindicações e mobilização dos servidores

Além do reajuste salarial e da reestruturação da carreira, os trabalhadores também exigem a aprovação da Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2025. A inclusão dos reajustes salariais e de melhores condições de trabalho para os servidores das universidades federais nessa lei é vista como fundamental para garantir a efetivação dos direitos conquistados pela categoria. O receio dos trabalhadores é que, sem a devida previsão orçamentária, o governo não consiga honrar os compromissos firmados.

Para reforçar suas reivindicações, os servidores organizaram um grande ato em frente à reitoria da UFU, no campus Santa Mônica. A manifestação reuniu centenas de trabalhadores que portavam faixas e cartazes pedindo respeito aos acordos firmados e melhores condições de trabalho. Durante o protesto, um documento oficial foi entregue à administração da universidade, reiterando as demandas e cobrando um posicionamento sobre a situação dos técnico-administrativos.

Os representantes do movimento destacaram que a greve é um instrumento legítimo de luta por direitos e que o objetivo principal não é prejudicar os estudantes e usuários do hospital, mas sim pressionar o governo a cumprir o que foi acordado. “A greve é sempre o último recurso. Mas, diante da falta de diálogo e do descumprimento do que foi prometido, não tivemos outra alternativa”, afirmou um dos dirigentes do Sintet-UFU.

Negociações com o governo

O Governo Federal, por sua vez, tem adotado uma postura de diálogo com a categoria, mas ainda não apresentou uma solução definitiva para as demandas dos grevistas. O Ministério da Educação e o Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos afirmaram que estão acompanhando as negociações e que buscarão alternativas para atender às reivindicações dentro das possibilidades orçamentárias do governo. No entanto, até o momento, não houve sinalização concreta de quando os reajustes salariais serão efetivados e como será a reestruturação do plano de carreira.

Os sindicatos da categoria ressaltam que o movimento deve continuar até que haja uma resposta satisfatória do governo. Assembleias periódicas estão sendo realizadas para avaliar a evolução das negociações e decidir os próximos passos da greve. Enquanto isso, estudantes e a comunidade acadêmica da UFU seguem sendo impactados pela paralisação dos serviços.

Perspectivas para os próximos dias

A expectativa é que a greve ganhe ainda mais adesão nos próximos dias, com a possível ampliação do movimento para outros setores da universidade. Alguns docentes também demonstraram apoio à causa dos técnico-administrativos, o que pode fortalecer ainda mais a mobilização dentro da UFU.

Além da paralisação e das manifestações presenciais, os grevistas têm utilizado as redes sociais para divulgar informações sobre o movimento, explicar suas reivindicações e mobilizar mais servidores para aderirem à greve. A pressão popular também tem sido uma estratégia adotada pelos sindicatos para sensibilizar parlamentares e gestores públicos a intercederem junto ao governo federal.

A situação segue indefinida, e a continuidade da greve dependerá do andamento das negociações entre os servidores e o governo. Caso não haja avanço nos diálogos, novas manifestações e atos públicos podem ser organizados para chamar a atenção da sociedade e das autoridades responsáveis pela gestão das universidades federais.

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